sexta-feira, 29 de abril de 2016

O prédio mágico (parte 2).

Costumava atravessar aquele portão azul religiosamente as sete e trinta da manhã, e fazia isso de segunda a segunda-feira. Nos dias úteis, antes de acessar as dependências do já descrito prédio vermelho, ficava eu, por cerca de vinte minutos, lá do outro lado da rua, descansando solene sobre um velho caixote de madeira, absorvendo toda a energia que o sol ali despejava, em silêncio, tragando com evidente prazer cada partícula de cada elemento viciótico encruado nas víceras do insubstituível cigarro amarelo que a Souza Cruz me fornecia por módicos dois reais ou menos, lembro que a bebida alcoólica, ingerida as pressas no meio do caminho, potencializava o prazer que sentia a cada nova tragada. Meus pulmões inflavam quase que ao ponto de estourar e meu cérebro agradecia por isso.
Nesse momento, phones de ouvido conectados a um Walkman de carcaça prateada levavam à minha cabeça o que havia de melhor no universo do Rock n' Roll, enquanto me permitia viajar naqueles riff's, gritos, solos e arpejos, com o olhar protegido por um par de óculos nada atraentes, varria todo o perímetro a minha volta, já tinha decorado as placas dos poucos automóveis e motocicletas que por ali passavam naquele horário, eram sempre os mesmos veículos assim como eram sempre as mesmas pessoas em suas direções. Meu olhar também capturava as feições e vestimentas de todo mundo que ao meu redor transitava, a exemplo dos automotores, eram sempre os mesmos transeuntes. Me chamava muito à atenção uma loira de meia-idade, estilo mãe solteira, físico de atleta e pressa de executiva, ela passava exatamente a minha frente, na mesma calçada, chegava a sentir o ar que seu delicioso corpo deslocava e me perdia no doce perfume que usava, meu Deus...
...rogava por um bom dia daquela mulher loira já que a minha pequinês me privava de tal cumprimento, quem era eu perto daquela beldade? Na certa o meu bom dia  passaria em branco, atravessaria o ar e acertaria o extenso muro do prédio vermelho.
De forma sistemática, pessoas e mais pessoas iam brotando de suas esquinas costumeiras, algumas tomadas pelo desânimo, pela preguiça, outras por uma alegria invejável, essas gritavam e sorriam como se aquela manhã fosse delas, enfim, centenas de pessoas chegando ao mesmo tempo, todas com o mesmo uniforme, porém cada uma ao seu próprio estilo, as sete e trinta tocava uma sirene aterradora e ai daquele que não rompesse o portão azul assim que o mesmo fosse aberto. As sete e trinta o prédio vermelho acolhia a todos, inclusive eu.
Lentamente me levantava, lentamente tragava o que ainda restava do cigarro, lentamente desligava o Walkman e desacoplava os phones de ouvido, lentamente inspirava as últimas partículas do perfume da loira e lentamente suspirava, lentamente atravessava a rua e sempre escarrava no meio dela, ao chegar ao portão, lentamente a meia-dúzia de pessoas dizia: - Bom dia...

sábado, 23 de abril de 2016

Bom dia, bang bang!

Tudo parecia normal naquela manhã de segunda-feira. O céu estava limpo e ainda era possível ver as últimas estrelas brilhando muito timidamente entre um ou outro pequenino floco de nuvem branca, corria uma brisa agradável e misturado a essa brisa, canções de vários tipos de pássaros.
Pessoas iam de um lado para o outro ao seu próprio ritmo, algumas tomavam o rumo dos seus trabalhos, outras de suas escolas, não eram poucas as de maior idade cuidando da própria saúde por meio daquelas frágeis passadas, no entanto eram raros os chamados ''atletas amadores'', embora oferecesse aquela manhã condições propícias para uma baita de uma corrida, alí não se vira nenhum.
Como já era de se esperar, os portentosos comerciantes ergueram as portas dos seus estabelecimentos certos de que, ao final daquele dia, suas caixas registradoras estariam para lá de abarrotadas, literalmente cuspindo o que chamam de grana viva. Pilhas de jornais ocupavam quase todo o espaço no interior daquelas bancas cujos donos eram, em sua maioria, senhores sorridentes e bonachões. Nos balcões dos botequins, copos cheios de café preto acompanhavam os suculentos pães aquecidos a chapa e maços de cigarros do filtro amarelo, entre uma tragada e uma golada, seus apreciadores discutiam o futebol. Supermercados já se preparavam para atender seus clientes, nas portas das agências bancárias, pequenas filas já se formavam, os açougueiros já desciam as lâminas nas carnes e os bicheiros carimbos e canetas nos talões, até a turma da malandragem já começava a dar as caras.
O trânsito como sempre dava nó, a medida que o sol ia subindo os veículos iam se multiplicando e dessa maneira, os sons dos motores e gritos das buzinas, tomavam o ambiente antes ocupado pela cantoria dos pássaros....tudo parecia normal naquela manhã de segunda-feira se não fosse por aquele sujeito armado até os dentes.
Primeiro ele soube passar despercebido, a camiseta com a imagem do Papa Francisco somada ao terço que trazia no pescoço, davam à ele uma espécie de green card para ir e vir sem ser incomodado, então, para ele não foi nada difícil acessar aquele prédio cuja quantidade de pessoas naquela ocasião já era bastante razoável.
...........CONTINUA.

domingo, 17 de abril de 2016

Xadrez.

Olha lá o pião, prostrado ao lado de outros iguais a ele, todos sobre um mesmo tabuleiro, um tabuleiro pequeno para todos. Ao vê-los assim perfeitamente alinhados, me vêm a cabeça um muro ou muralha, o de Berlim ou da China como queiram, um paredão intransponível, uma linha invencível, uma faixa forjada por célebres guerreiros, todos fidedignos ao seu Rei, porém, do outro lado do tabuleiro, logo a frente deles mesmos, há um outro muro, tão ou mais resistente que o deles, ambos se movem de maneira arrastada, lenta e silenciosa, um passo de cada vez, metro a metro, um em diração ao outro, todos fiéis ao seu próprio Rei, e quando se encontrarem bem no centro do campo de batalha, um dos muros inevitavelmente cairá, e seu Rei nada fará a não ser se esconder no mais profundo e escuro aposento de seu castelo.
Os possantes cavalos saltarão seus corpos, levando em seus dorsos aqueles que ainda têm vida, eles são velozes, pernas velozes e corações nobres, o escudeiro perfeito do blindado guerreiro. Eles não só saltarão os corpos aliados, por ordem dos seus senhores, eles pisotearão os inimigos, darão violentos coices nos miseráveis, quebrarão as costelas, pernas e colunas dos infelizes, e os cavalos do outro lado, obviamente farão o mesmo.
Basta rezar, pedir à Deus que aquele dia passe voando, que aquela batalha suma dalí, que aquele sangue não apodreça sobre aquele amaldiçoado tabuleiro. Há bispos para tal função, dois deles em cada reino, eles são a imagem e semelhança da fé, e rezam como que incansavelmente, são homens de alma pura assim declarava os mensageiros aos camponeses, são os olhos e ouvidos de Deus sobre esta terra e por via deles, os anjos vos resguardam, homens e mulheres, confiais neles e mal algum lhes encontrarás. Em meio a matança eles dizem ''com Cristo, de Cristo e em Cristo, idade de Cristo, morte e ressurreição de Cristo, salvai-os, Cristo'', no entanto o sangue no campo não para de jorrar.
Protejam-se nas torres! Elas jamais virão a baixo ou serão violadas pelas hordas do inimigo! Conduzam mulheres e criança para a torre! Elas resistirão!
As torres não caem, eis um afirmação fácil de se acreditar, como algo esculpido na rocha viria a baixo? Ainda que milhares de flechas e lanças e pedras arremessadas a tudo o que é distância a acertassem em seus alicerces, tal construção mal se abalaria, no entanto ela pode sim ser vencida, em algum momento suas provisões chegarão ao fim e qual dos seus refugiados suportarão tão cruel sede e fome?
Um amedrontado menestrel cruza apressado os longos e abandonados corredores do castelo que lhe abriga ancioso por encontrar a Rainha, seu Rei o ordernou, ''Vá, tolo no momento inutilizado, traga a minha senhora à mim!'', talvez seja essa a razão de toda aquela guerra, qual outra razão que não oferecer à mulher amada toda a riqueza do mundo? Eu, se caso Rei fosse, faria o mesmo, lutaria eu por cada feudo e peça de ouro existente a minha volta, lutaria só por ver minha Senhora coberta de jóias, tomada por pedras preciosas, comendo e bebendo do que há de melhor, vestida como se Deusa fosse, como se Fruta D'Ouro fosse, lutaria eu em nome de minha Rainha.

terça-feira, 12 de abril de 2016

O prédio mágico.

Era uma vez um prédio vermelho, não tão alto como um arranha-céu, mas alto o bastante para ser visto e contemplado a grandes distâncias. O vermelho que o revestia do primeiro ao último andar, quando exposto a luz do sol, brilhava como fogo selvagem e muitos até diziam que aquilo sim que era cor.
Seu formato era do tipo ''caixa de sapato'', um prédio incrivelmente robusto, largo e extenso, passava ele a impressão de ser tão seguro quanto um abrigo antiaéreo, um verdadeiro cofre, um forte apache ou castelo de pedras por assim dizer, e eu acreditava nisso, tanto acreditava que, quando nas suas dependências, me desligava por completo das desgraças lá fora. Foram quatro anos no interior daquele prédio, quatro anos construindo  boa parte do sujeito que sou agora.
No seu entorno havia um enorme descampado, pedaços deste era coberto por cimento, concreto e asfalto, em contrapartida, não eram poucos os pedaços de terra batida, nestes pequenas plantas, matos e até árvores de grande porte tinham o seu lugar. Nunca me preocupei em levantar tão irrisória questão, mas tenho certeza que, naquele descampado, cabia pra lá de duzentos automóveis, todos estacionados debaixo das sombras das árvores e também da sombra do próprio prédio. Um muro com cerca de três metros de altura cercava todo esse espaço, deixando apenas uma brecha de uns cinco metros de largura protegida ali por um portão azul feito do mais puro aço.
A leste, conectado a fortaleza vermelha, havia um pequeno prédio de cor branca, este nada mais era que um ''anexo'' e poucos faziam questão de por os seus pés nas suas epoeiradas salas e escuros corredores. Embora o seu formato fosse também como o de uma caixa de sapato, trazia este um aspecto frágil, seus três andares não significavam quase nada, eu mesmo batizei aquela patética caixa de fósforos como ''A ALA DOS LOUCOS'' e, definitivamente, torcia o nariz toda vez só de pensar em ir até lá. Uma pequena escadaria levava ao canto mais remoto daqueel anexo e no dia em que me vi naquele ambiente, pensei: - Puta merda, como alguém consegue estudar aqui?''.
Tanto o sol quanto a chuva castigavam a surrada quadra de esportes construída ao norte do bendito prédio vermelho, eu particularmente gostava muito de ''fritar'' naquela quadra, ali rolava um basquete ''das galáxias'' e  enquanto a maioria optava por cuidar dos seus próprios negócios, eu e mais meia-dúzia de lunáticos ficávamos alí, quicando e arremessando aquela desbotada bola da adidas. Vez ou outra surgia um grotesco palavrão, palavrão este logo repreendido por nós mesmos, ora, ainda que fossemos do tipo ''Filhos da Anarquia'', respeitávamos o que aquela instituição de ensino nos empunha.
...CONTINUA...

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sonhar não custa nada?

Não sei quanto a vocês, mas sou do tipo que costuma sonhar quase que todas as noites. Não que eu tenha um sono tão pesado assim, raramente bato na cama feito pedra e pra falar a verdade, não são poucas as madrugadas em que acordo de uma em uma hora só Deus sabe para o que, contudo, uma hora de sono já é mais que o suficiente para me fazer sonhar.
Contrariando as palavras dos notáveis médicos e cientistas, penso eu que os sonhos não são fragmentos de antigas lembranças ou reflexos de situações vividas pelo indivíduo naquele dia produzidos pela massa cerebral em estado de repouso, acredito que os sentimentos são os reais criadores dos sonhos. Por que estou dizendo isso?
Outro dia sonhei com uma espécie de realidade alternativa, nada de mais pra ser bem sincero, o sonho tratava do bairro onde moro, sim, o bairro de nome Coelho Neto, localizado na zona norte do Rio de Janeiro. O cenário era noturno e era época de carnaval, havia um batalhão de pessoas fantasiadas por todos os lados, no lugar dos pequenos comércios, havia dezenas de pub's como aqueles vistos nos seriados americanos e também enormes joalherias e luxuosos restaurantes. O governo havia construído suntuosas passarelas, todas feitas de mármore e prata, todas ornadas com belíssimas luzes coloridas e um aprazível perfume que vinha sei lá de onde, o asfalto que corria sob estas passarelas era liso e sinalizado, um convite para uma boa disputa de motores, mas todos os veículos que por ali passavam, muito mal barulho faziam. A praça, além de vasta e cheia de canteiros com todo o tipo de flor, contava com uma infinidade de bancos de madeira brilhosa e mesas para repousar tudo o que é objeto. No sonho não havia preocupação, saudade ou dor, não havia motivo algum para desejar sair dali, a garota que me acompanhava era, sem dúvida, a mais linda do bairro e certamente de toda a cidade e fora isso, era eu respeitado e idolatrado por todos, trazia no nome um peso incomensurável..acho que era eu o dono de tudo aquilo.
Claro que nem sempre o sonho é bom, os pesadelos são figuras frequentes, perdi as contas das vezes em que fui dilacerado por algum demônio carniceiro ou esmagado por alguma máquina dantesca, já me afoguei um milhão de vezes, já me queimaram vivo, me bateram até os ossos virarem poeira, me cuspiram no rosto, já estouraram a minha cabeça com todas as armas de fogo vistas na face da Terra, já até me prenderam a cruz, no entanto, todas as vezes que despertei de uma coisa assim, acabei sorrindo de orerlha a orelha. No fundo não há pesadelo pior que acordar depois de um sonho bom...O sonho machuca, o pesadelo diverte.

domingo, 3 de abril de 2016

Ponto de vista.

Imagine que você é um ponto, um minúsculo ponto feito com a extremidade da mais fina caneta esferográfica ou bico de pena se esta lhe parecer mais estilosa, um ponto cuidadosamente colocado bem no centro do planeta Terra, sem nenhum centímetro para um lado ou para o outro, você está ali, desenhado no ''marco zero'' de tudo o que existe. Esse é seu ponto de vista em relação ao mundo que te cerca, assim como este é o ponto de vista de cada um de nós.
Imagine agora o seguinte, você dar um passo na direção que lhe parecer melhor, esse passo deve ter cerca de quarenta centímetros, um pouco menos, um pouco mais, não importa, o fato é que você se deslocou no campo da existência, porém a sua impressão é que o mundo deslizou sob os seus pés e rapidamente se ajustou à posição anterior, do seu ponto de vista você ainda permanece no chamado marco zero. Você entende que a vida se moldou à você, então você dar outro passo e mais outro e assim por diante, e toda vez a existência se adapta à você, colocando-o naturalmente no ponto de partida.
Os dias vão passando, as semanas vão sendo rompidas, os meses bravamente vencidos e você lá, fazendo suas escolhas a todo o momento, decidindo por quais direções seguir, exitando em algumas, eufórico em outras, mas sempre se movimentando. Sem perceber, você percorre quilômetros mundo afora, vêm pra cá, vai pra lá, sobe, desce, dobra esquinas, cruza avenidas, adentra prédios ´públicos e privados, adentra elevadores, transportes ferroviários, escadarias, passeios, passarelas, enfim, você quase não para, e ainda que pare, vira e volta centímetros são varridos por sua persona, você vai ao banheiro e também à cozinha, e veja você...sob os seus pés a existência, incansavelmente, te aloja ao ponto inicial, não há como se livrar dessa coisa, você está vivo e enquanto vida tiver, será dessa forma...esse é seu ponto de vista, sua percepção sobre as coisas, porém uma coisa é preciso ser dita, você é apenas um pequenino ponto no meio disso tudo, têm os outros a sua volta, têm eu, por exemplo, têm aqueles que você conhece e também os que desconhece, têm até aqueles que você deseja ver morto ou falido, que você faz a caveira sem a menor cerimônia, e cada um de nós, queira você ou não, também é como um minúsculo ponto colocado ao marco zero da Terra...o propósito da existência é se moldar também a cada um de nós, e vai por mim, meu caro, ela se molda.
Se quer saber de uma coisa, eu mesmo já me proclamei o centro do universo várias vezes, já pensei até que era o Deus que todos tanto clamam, já me vi como uma personagem no meio de uma história que machuca e faz chorar, já me imaginei simplesmente como uma espécie de luz, uma energia cuja função é apenas ''passar''...puxa vida!...não foram poucas as vezes em que o meu ponto de vista nublou minha razão, mas é óbvio que abraço a idéia de ser nada mais que um ponto irrisório e por esse motivo respeito e entendo o seu ar de dono do mundo.

terça-feira, 29 de março de 2016

Bestiais.

Não há exagero quando se diz que o mundo está doente, não é piada comparar os eventos de hoje em dia com o apocalipse escrito  em outrora, não me parece loucura afirmar que estamos a um passo de irmos, verdadeiramente, para o inferno, não me parece errado sentirmos vergonha de nós mesmos.
Não nos parecemos civilizados a muito tempo, aliás, nunca fomos civilizados, assim como nunca usamos da racionalidade para desenvolvermos coisa alguma, acredito sim que somos do tipo bestiais, espectros torpes feitos de sangue, carne, osso e nada mais, frágeis criaturas cujo o propósito é aniquilar a própria espécie e também todas as outras, é devastar o próprio quintal, é queimar o que de bom fora deixado pela espécie anterior.
Não me julgue por te colocar na condição de ''demônio na Terra'', eu também sou igual a você, sempre que é preciso, eu não me acanho, eu vou lá e mando fogo no quintal, claro que não faço isso com o rosto tomado de prazer, mas é óbvio que também não choro por isso, portanto, volto à dizer, não me julgue por nos classificar como doenças fatais.
Um míssil não cai sobre um hospital sem antes um bestial apertar o botão de lançamento (certo mesmo seria não haver míssil), uma bomba não estoura do nada, um gatilho nunca se aperta sozinho, bocas não declaram guerras em coletivas de imprensa sem antes cérebros nefastos as ordena-las, ato hostil algum ocorre sem o advento de rogar pela dor alheia...ninguém nesse mundo mata com a intensão de  mandar sua vítima para os braços de Deus....na certa elas pensam ''seu destino é mais embaixo''.

terça-feira, 22 de março de 2016

Saudade.

Gostaria de saber quem foi o filósofo, o pensador, o intelectual, enfim, o sujeitinho, o infeliz, o hipócrita pra ser bem direto, que, sei lá por qual motivo, cunhou a seguinte frase: ''- É bom demais sentir saudade.'', é bom demais sentir saudade? Ah, vai arrumar o que fazer, pombas!Desde quando sentir saudade é bom? Bom mesmo é estar ao lado daqueles que você tanto ama, é estar novamente nos lugares que você, com grande prazer, frequentou em outrora, é sentir a todo instante os mesmos perfumes que te faziam relaxar, é ouvir aquelas canções que, hoje em dia, ninguém mais consegue compor. Bom mesmo é poder abraçar seus pais enquanto deflagra um vigoroso e sonoro BOM DIA, é ouvir de sua doce mãe os tão valiosos conselhos enquanto, calmamente, a manteiga é posta na deliciosa fatia do quentíssimo pão francês, bom mesmo é ouvir os projetos de seu pai para aquele dia, é vê-lo com os olhos tomados pelo ar da disposião e a xícara de café preto na sua mão direita, enfim, bom mesmo é não ser acoçado pelas desgraças do dia a dia, pelas perdas repentinas, pela maldita estrada vazia...a saudade só exise porque você PERDEU, perdeu algo extremamente raro e insubstituível, algo único, inédito e sem nenhuma chance de duplicata. De acordo com o que penso, saudade é o tipo do sentimento que machuca bem mais do que o pior dos ferimentos ou traumas, a saudade é quase que letal, se bem que, para muitos, ela é sim letal. Têm dias que a saudade aperta tanto a minha garganta que mal consigo respirar, é como se um grande torniquete de metal a apertasse quase que ao ponto de estraçalhar cada artéria, veia e a própria traquéia alí embrenhada. Geralmente nesses dias a mesma saudade também age sobre o meu peito e coração, sinto o meu peito quente como uma fornalha, chego a compará-lo a uma forja de anão, sinto o coração batendo a mil por hora, uma prensa industrial por assim dizer, parece consumido pelo ódio e cada batida é como um grito de dor...saudade...cada batida é como um tiro de 762...saudade...cada batida é um pedido...saudade...um apêlo...saudade...cada batida só Deus sabe o que é.
...esse humilde texto é dedicado às pessoas que, assim como eu, tiveram perdas importantes em suas vidas.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Enquanto isso lá em Brasília...

Não sou muito de falar sobre política, acho que já vivemos submetidos a tanta burocracia e jogo de empurra que, a melhor coisa mesmo à  ser feita é buscar ocupar a mente com coisas mais agradáveis e interessantes, política pra mim só mesmo nas tramas de HollyWood e ainda assim olhe lá! Porém, a situação lá em Brasília ultimamente anda tão filha da puta de circense que, pela segunda vez em menos de dois meses, cá estou eu novamente falando dessa porra (me perdoe os palavrões, mas se até o nosso ex-presidente, figura nobre e notória, vive aqui e acolá xingando à Deus e o mundo, por que eu, um simples brasileiro economicamente fudido, me privaria do uso de tais palavras? Ah, vai a merda, porra!), só que dessa vez, vou simplesmente expor uma pequena parte do que faria com essa podre turma do planalto, se acaso fosse eu uma espécia de Senhor Supremo da Porra Toda...vamos lá.
Aqueles que trazem com orgulho estrelas penduradas ao peito teriam seus dedos arrancados, seria uma ótima forma de prestar homenagem ao seu líder biriteiro...ôpa!...operário.
Talvez fizesse a mesma coisa com aquela turminha da elite, trocando apenas os dedos pelos lonfos e carnudos narizes, imagina só um bando de tucano indo de um lado para o outro sem bico? No mínimo hilário.
Em relação à aqueles de partido literalmente partido, sim, aqueles montes de bactérias engravatas, eleitos só Deus sabe por que razão, esses eu deixaria a vontade, ao meu ver suas ações, por mais sacanas e corruptas que fossem, pouco impacto trariam ao sistema comum, como disse, são apenas bactérias engravatadas, claro que, uma vez ou outra, mandaria uma porra dessa para algum país cujo ditador local é do tipo que se diverte explodindo político safado...bom...preciso ir, espero que na próxima postagem o  meu espírito criativo esteja mais de acordo com o que realmente ando pensando...até logo!

domingo, 13 de março de 2016

Poesia sobre a morte (parte 2)

Chega de falar da morte,
vamos agora falar da vida.
A tal dádiva divina ofertada à nós certo dia,
mas que até hoje nos intriga.
Têm vida tão suja como traição, mentira ou ataque nuclear,
têm vida tão limpa quanto promessa cumprida e respeito ente desiguais.
Têm vida tão lonfa como rota entre continentes,
têm vida tão curta quanto a dúvida de um assassino.
Têm vida tão linda quanto os olhos da mulher amada,
têm vida tão pura quanto o sorriso de uma criança tão amada quanto.
Têm vida tão calma como um entardecer de outono no campo,
têm vida agitada como as terríveis tempestades de verão.
Se quer saber de uma coisa...
...têm vida que nem merece ser vivida,
e outras que valem muito a pena ser vivida,
contudo, por mais que a gente viva a vida,
no fim é a morte quem fecha as cortinas.

Poesia sobre a morte (parte 1)

Infelizmente a morte é mais forte que a ressurreição,
e ao primeiro sinal de tal elevação, e a morte logo vêm,
lacrando novamente as bordas do caixão.
Infelizmente a morte tira a razão daqueles que
pensam que morrer é bom,
e aprisiona num frio calabouço de pedras negras
aqueles que passam suas vidas em pró de temer a morte.
Infelizmente há morte pelos quatro cantos da Terra,
infelizmente o que não falta sobre a terra são cânticos vinculados a morte
e sob a mesma, pessoas levadas por ela.
O que não falta são mortes uniformes,
mortes ao norte, mortes aos montes.
Monte Castelo de cartas marcadas, polegadas, digitais e analógicas,
infelizmente o que não falta são mortes sem lógicas.

Poesia sobre a morte.


segunda-feira, 7 de março de 2016

A ligação.

Pouquíssimas são as vezes em que o meu telefone toca. O fixo então parece estar sem vida a mais de cinco anos, na verdade este é como um pobre doente em estado terminal, um reles morimbundo prostrado num frio leito de um c.t.i. qualquer, inerte, inserido num triste coma profundo, respirando com o auxílio dos aparelhos, contudo, o fixo, embora silenciado, ainda está vivo e muito bem vivo, por sinal.  Por ele correm as incontáveis células elétricas ou eletrônicas (nunca sei ao certo), traduzidas pelos mais notáveis engenheiros do dia a dia como bytes. Se não fosse pela internet correndo em seus cabos, eu mesmo já teria dado um destino à este caríssimo telefone residencial.
Que início de texto mais esquisito!
É verdade, concordo plenamente com você, mas acontece que o meu telefone celular tocou não faz nem quarenta minutos e antes que você me pergunte, já te falo, sim, era ela, mesmo sem querer ou saber, me arrancando do banho as oito e meia da noite.
Trim! Trim! Trim!
Por debaixo das revigorantes águas mornas, expelidas aos montes pelo chuveiro elétrico, ouvi esta campainha rugindo feito uma desejosa gata no cio, lá na mesinha de centreo, mesinha essa alojada entre dois velhos sofás de couro marrom.
- Puta merda! Quem estaria me ligando a essa hora?
Me perfuntei, mas ainda são menos de nove da noite, e isso sim são horas de ligar para os outros! É verdade, tenho que reconhecer que, nesse instante, muitos já estão em seus lares depois de um longo dia de labuta.
- Então vai lá atender...
...sozinho em casa, pouco me importei com a nudez que me encontrava naquele momento. Deixei o chuveiro ligado no máximo e corri feito um bandido em fuga rumo a sala de estar. O telefone estava lá, TRIM! TRIM! TRIM! Se esgoelando. Tenho certeza que se o infeliz pudesse falar o meu idioma, certamente diria algo do tipo ''Corre aqui, porra! Deixa de ser murrinha! Daqui a pouco a pessoa vai desistir!'', mas eu já estava correndo e por causa disso, no instante em que coloquei os pés molhados no liso piso negro da cozinha, quase me estatelei no chão. De forma patética, derrapei feito um carro de corrida entrando a mil numa curva fechada. Se eu caísse ali, certamente seria uma tragédia, a geladeira seria meu primeiro alvo, a derrubaria na hora e por vingança, a miserável despencaria sobre mim, na certa quebrando todos os ossos de meu corpo, mas, por sorte ou piedade divina, segurei na curva e passei ileso por aquela medonha situação...cheguei a sala de estar e lá estava o escandaloso aparelho celular, com o seu display iluminado, vibrando como nunca, implorando por minha chegada.
- Alô! - Disse eu ofegante, a água do banho agora se misturava ao suor da corrida, sem dar atenção, molhei a droga do telefone.
- Oi, tudo bom? - Disse uma voz que a tempos eu já não ouvia mais, quase não a reconheci...por isso, meio que sem jeito, perguntei:
- Estou bem, mas - limpei a garganta - com quem eu falo?
- Puxa vida! Já nem sabe quem sou, né? - Disse a voz com um sorriso amistoso.
- Ana? - Usando das minhas doces lembranças, fui bem direto.
- Ah, lembrou! Sim, sou eu, a Ana.
- Nunca me esqueci de você e se quer saber de uma coisa, parece que foi ontem a última vez que nos falamos.
- Verdade, mas lá se vão mais de cinco anos, né?
Sua voz continuava linda, embora o seu sultaque agora me soasse meio estranho (pura falta de costume apenas), e cada palavra dita por ela, eu apreciei como se deve apreciar algo de muito valor artístico.
- Seis anos e seis meses para ser mais exato. - Disse eu, mostrando à ela o quanto nossa história foi importante para mim.
Trocamos quase meia-hora de conversa e foi como se o tempo estivesse sido congelado, por várias vezes transitamos por caminhos diferentes, eu nunca deixei de querer aquela deliciosa Gata Branca e sutilmente me deixei entender tal condição, ela, por sua vez, já pertencia a um outro alguém, inclusive um pequeno filho homem  com esse alguém ela já tinha e já tinha a quase dois anos, então, agora eu, um sujeito calejado, respeitei essa torpe condição.
Engraçado que, acima de tudo, éramos bons amigos e por causa desse nobre laço social, dessa forma nos tratamos por vários momentos durante a ligação. Confesso que não foi de todo o mal assim, foi até bem agradável em certas partes, é evidente que  muita coisa mudou entre nós e por um segundo cheguei até a pensar que manter o clima amistoso em alta seria mesmo a melhor coisa a ser feita...ela deve ter pensado a mesma coisa...e, de fato, foi o que fizemos, então, meia-hora depois de um blá blá blá aprazível, ela disse:
- Então tá, rapaz, estou indo nessa!
Meio que a contragosto, porém firme no uso das palavras, respondi:
- Tudo bem, meu anjo, também preciso ir. - E brinquei dizendo: - Estou nú em pelos pra te falar a verdade.
Ela, linda que só, disparou uma lonfa gargalhada.
- Como assim?
- É que eu estava no banho quando o telefone tocou.
- Vixe, me desculpa! Não queria mesmo atrapalhar você!
- Você nunca atrapalha, Gata Branca, já disse... - E respirei fundo, ela sentiu e senti que ela também respirou.
- Gata Branca, anos que não ouço isso.
- Anos que não falo isso.
- Você também não atrapalha. - E disse assim como que querendo dizer outra coisa.
- O que houve? - perguntei com um fio de esperança atravessado em meu pescoço.
Um pequeno silêncio se abateu naquele instante, quebrado logo depois por um lento e solene suspiro e também pelas seguintes as palavras:
- Não, não foi nada, amor.
- Certo, Ana, então tá, quando quiser é só me ligar. - Voltei para o mundo real, o mundo do viver sozinho.
- Tá bom, ligo sim. - Ela também voltou, mas no seu mundo havia mais dois ao seu lado.
Antes do fim, perguntei:
- Ana, só um minutinho, por que você me ligou?
Subtamente a ligação caiu, na certa ela desligou.
É....pelo que a conheço, ela deve ter desligado mesmo...tudo bem, quem sabe ela volte a ligar algum dia...bom...
...nunca vesti uma roupa com tamanha felicidade e tristeza ao mesmo tempo.

Poesia sobre o tempo (vídeo)


segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Poesia sobre o tempo.

Tempo, tenho tido tanto tempo para tudo,
e tenho transcrito tablaturas para tí.
Tentei transpor a tua ternura, tentei.
Tradicionalmente tive toda a tranquilidade turva.
Tempo, dê-me todo tempo ó tempo,
e tragas também teu timbre com terças tônicas,
tire todo o tempo daqueles que traem sem timidez
e d dê mais tempo à aqueles que tentam de tudo.

Sobre o velho sofá.

Olá, caros amigos...
...lá estava eu deitado em meu velho sofá, isso por volta das quatro horas da tarde, tarde típica de verão, quente e toda ela dourada pelo sol, porém com promessa de chuva forte para o fim daquele dia. De onde eu estava era possível observar toda a parte oeste da linha do horizonte e esta já começara ceder espaço para os primeiros flocos de nuvens negras.
Dizem que o calor estimula o cansaço, potencializa a preguiça, atiça o desânimo, enfim, pelo menos é o que ouço aqui e acolá, inclusive tais afirmações surgem sempre em meio as famosas piadas relacionadas a morosidade baiana, morosidade provida, é claro, por aquele calorzinho nordestino, sendo verdade ou não, esparramado naquele velho, porém confortável sofá, o calor carioca furtara toda a minha coragem. Para mim o bom mesmo era ficar alí, deitado, sonolento, namorando com os olhos o cinza turvo alastrado agora em boa parte do oeste horizontino. Gosto da chuva e confesso que não via a hora dela começar a tamborilar nas folhas das plantas e árvores, nas telhas, nas latarias dos automóveis, no asfalto em brasas, no mundo como um todo.
Na parede a minha esquerda, um bonito relógio de contorno redondo e bronzeado, números em romano também bronzeados e ponteiros na cor preta, tudo isso colado a uma vistosa moldura feita de madeira nobre no formado de casa colonial, com direito a duas pequeninas janelas e uma portinhola para o cuco, embora daquela portinhola nunca saísse cuco algum, cantava um aprazível tic tac. Por inúmeras vezes me peguei horas a finco contando cada tic daquele e também cada tac, era como se fosse uma terapia, um calmante para os nervos, era a minha orquestra tocando através do tic tac canções que me faziam desligar do mundo.
De repente caí no sono eu acho, por um segundo o horizonte se apagou, o calor se foi e o constante tic tac se calou, por mais raro que fosse eu dormir a tarde, naquela eu realmente dormi  e até sonhei se querem saber, mas foi um sonho sem cor, sem formas definidas, não havia ninguém naquele sonho e nem promessa de aparecer alguém, havia sim uma leve sensação de frio e a certeza de eu estar flutuando, embora estivesse em pé e apoiado num patamar sólido, também havia gosto de caramelo nos lábios e uma leve impressão de que almoçara a pouco e muito bem. Neste sonho podia controlar meus movimentos, então caminhava lentamente, olhava ao redor e passava as mãos nas coisas que julgava interessante, mas nada sentia, tudo era como fumaça, tudo era vazio...
...caros amigos, acordei com um trovão estremecendo o vidro da janela a minha direita e depois um raio cortando o horizonte agora negro e aterrador, ainda não chovia, mas era só questão de tempo, olhei para o relógio, faltava vinte e três minutos para as seis da tarde, me joguei do sofá, estava com sede, um pouco suado e por algum motivo que nunca soube qual, minha garganta doía...a dor que bate em meio a vontade de chorar...queria chorar e assim que a chuva chegou, chorei.
.........um forte abraço à todos e até a próxima semana.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A cada passo.

''A cada passo que dou o mundo inteiro sacode''. Dia desses estava eu assistindo TV quando, num canal de música qualquer, tocava uma banda de estilo ''mangue beach'' (se você não sabe o que é Mangue Beach pesquise, pois é o tipo do estilo de música que vale a pena conhecer), por alguns minutos seu nome ficou ali perdido no patético vácuo da falta de informação, a verdade era que só saberia do seu nome quando aquele clip de orçamento pífil atingisse seus noventa por cento ou mais de reprodução, e foi o que aconteceu. Na chamada ''bacia das almas'', aqueles segundinhos restantes para o término da canção, tanto o nome da banda quanto o nome da tal música saltaram ao rodapé de minha TV e da mesma forma que os descobri, infelizmente os esqueci...macacos me mordam!...aí você me diz ''- Pow, véy, acha essa banda aí na internet!...então eu te respondo ''- Pow, Lek, hoje em dia é tudo na base do pápum, sendo assim esse lance dessa galera aí já foi!'', contudo, reconheço que seria bastante interessante conhecer outros trabalhos dessa turma do mangue.
''A cada passo que dou o mundo inteiro sacode''. Essa frase roubou por completa a minha atenção e me fez pensar num turbilhão de coisas, por exemplo naquele maldito caminhão de escolhas erradas que fiz ao longo de minha vida nada relevante a seja lá quem for, escolhas que poderiam facilmente ter me lançado de cabeça ao inferno (se bem que, nos últimos anos, muitas dessas escolhas vêm me lançado de pára-quedas ao mesmo), burras escolhas que me privaram de agora estar com os bolsos tomados de dinheiro, dinheiro limpo oriunda do meu próprio talento, Q.I. e sagacidade (lembrando que sem esse papo de ser doutor, pois quando mais jovem queria mesmo era ser seu ídolo, ou no pior dos casos, ídolo de seu vizinho, fosse ele um bandido de baixo escalão ou um daqueles nerd metido a sabedor de tudo).
A cada passo que dou o mundo inteiro sacode...
...embora eu leve essa frase para o lado obscuro das escolhas, certo mesmo seria apontar o que de fato ela quer dizer, veja bem, se a cada passo teu o teu mundo sacode...ora bolas!...certamente você é dono de um poder extraordinário, poder não de conquistar ou destruir e sim de fazer a diferença ao mundo que te abraça. A cada passo teu cidadãos de tudo o que é crença ou raça te percebem e punhados destes te tomam como exemplo, a cada passo teu o mundo sacode, sacode não pelo temor de sua chegada ou aflição por suas idéias, a cada passo teu, meu caro, o mundo sacode pela felicidade contida na música dos seus atos e força de suas palavras. Antes de terminar quero dizer que escrevi esse post ouvindo Eric Clapton...até logo e cocaine!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Vídeo de abertura de meu canal.

Este é um pequeno vídeo que criei simplesmente para ilustrar a abertura de outros vídeos que pretendo publicar lá no YouTube. Caso tenham gostado, peço que se inscrevam no cal e que deixem comentários tanto lá, quanto aqui nesta postagem...um grande abraço e até mais!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Uma pequena parte de meu livro...

Meu nome é Lúcio Oliveira, mas poucos são aqueles que me conhecem por esse nome, certo dia, pelas vias dos meus próprios feitos, espalhou-se por aí o nome Cão do Caos e desde então é assim que sou chamado.
Estava prestes a completar quarenta anos de idade quando levei quatro tiros à queima-roupa de um sujeito que nem deveria estar aqui, baleado, despenquei de uma altura de mais ou menos doze metros e durante a queda, tive tempo de pensar na minha doce Bianca Alícia, minha amada esposa, morta por mim mesmo a nove anos atrás. Curiosamente nada senti no exato instante em que meu corpo se chocou contra o piso de concreto e lama, entretanto me pareceu óbvio o esfacelamento de todos os meus órgãos, ossos, cartilagens e músculos. Depois da queda, um silêncio varreu tudo a minha volta e uma escuridão me cobriu como um grande lençol de tecido grosso, tentei à todo custo me mover, mas logo percebi que isso era impossível, pensei então em me render e aceitar que já cheguei sem vida à aquele piso encharcado, imediatamente descartei a tal rendição, jamais faria tal coisa, pelo menos não até saber que meu filho já se encontrava a milhas daquele inferno de matança.
Meu nome é Cão do Caos...
...e muitos ainda vão me chamar assim.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A folia do dinheiro sujo.

 Confesso que fiquei meio indeciso sobre qual assunto deveria abordar na postagem dessa semana. Que tal escrever um pouco mais sobre o carnaval, uma vez que, no presente momento, a folia ainda come solta lá fora? Assim me perguntei logo após ter os tímpanos invadidos por berros e batuques oriundos de um pequeno grupo de pessoas que, tal como relâmpago em tempestade de verão, surgiu de repente, fez um estrondo insuportável e simplesmente desapareceu, mas no instante em que me vi abraçado novamente ao silêncio antes prostrado por toda a minha casa, bati o martelo dizendo ''- Quer saber de uma coisa, chega desse papo de carnaval, isso aí já virou um pé no saco!''.Então, pensei em escrever sobre política e sobre a caótica situação econômica que se encontra o Estado em que vivemos ou melhor, que a muito sobrevivemos. Decidido, corri para a internet e fui direto aos enfadonhos cadernos de economia anexados aos muitos portais de notícias, nestes li um bocado sobre o tal do Produto Interno Bruto e também sobre o medonho défcite financeiro, li algo relacionado a balança comercial favorável e a famosa taxa de juros. Por várias vezes as palavras laranja, lobista, atravessador, mensaleiro, propina, corrupção, facilitação e sinônimos das mesmas ilustraram a pequena tela de meu velho computador e embora fosse eu um completo homem das cavernas em se tratando de conhecimento político e econômico, tive a certeza de que lá em Brasília a folia também comia solta.Era como se o país estivesse imerso num tétrico mar de urina e fezes produzidas por esse bando de senadores e deputados, os tais tucanos e estrelas da vida, urinas e fezes produzidas com extremo gosto e prazer por aquele nefasto ex-presidente e agora por aquela nobre senhora, sua serviçal. Era como se toda essa corja engravatada pulasse um carnaval sem fim, um carnaval composto por longos 365 dias, dias de pura folia, folia essa regada a pencas e mais pencas de pesados fardos de dinheiro, o nosso dinheiro é bom que se diga! Folia essa regada a milhares de caixas dos mais pulquérrimos vinhos e uísques já produzidos, regada também a charutos de Cuba, a pratos da Itália, ao turismo da França, ao instigante sexo da Suécia, ao erotismo Tailandês, as doces drogas da Holanda...folia essa regada aos surrados corpos de nossa gente, aos grossos calos talhados em suas mãos trêmulas e frias, regada a poeira em seus olhos tristonhos e cabelos ressecados, regada ao suor do dia a dia, a terrível labura, ao sangue nos buracos feitos a bala, as doenças incuráveis não por sua complexidade e sim pela total falta de assistência médica, os vírus trazidos pelos mosquitos, enfim, folia essa regada a dor do descaso, ao abandono, regada a cultura da fome, da mentira, do aperto de mãos, tapinha nas costas e sorriso no rosto, folia essa regada a ausência de esperança no peito daqueles que já estiveram no pior dos casos, a maldita ditadura velada, ao controle de massas via novela, bunda e futebol, ao plantíl da ignotância, da inesistência de boas idéias, folia essa regada ao silêncio forçado...
...farto de tudo isso, desliguei o computador e logo abortei essa idéia de escrever sobre política...depois de alguns minutos liguei a TV num canal sério de notícias e o que vi foi um mundarél de pessoas pulando o carnaval.Aos leitores obrigado pela visita e até a próxima semana!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

- Olha o carnaval aí, gente!


Mais uma vez o carnaval bate as nossas portas e como já era de se esperar, milhões e milhões de pessoas Brasil afora o aguarda de braços e pernas abertas, bundas de fora e bolsos vazios, não é o meu caso, é claro, já que durante todos os dias de folia e devastação moral, ficarei recluso no meu lar, junto aos meus filmes e séries, drinques e discos, quieto sob o aprazível clima de montanha proporcionado pelo ar-condicionado que, na parede do meu quarto, trabalha sem xiar. Como vocês já devem ter percebido, gosto tanto do carnaval quanto uma criança obesa gosta de legumes e verduras.
Aqui no Rio de Janeiro, embora a prefeitura e a rede de TV do plim-plim estejam fazendo de tudo para transformar toda essa porra numa espécie de Bahia, oficialmente a folia dura quatro míseros dias, por esse lado fico até bastante feliz, pois são quatro míseros dias em que o bairro onde moro se livra de boa parte daqueles indivíduos que no meu entendimento não agregam nada de construtivo à sociedade, muitos viajam para a tal da região dos lagos e se fosse por minha vontade ficariam por lá o ano inteiro.
Tento buscar no frio abismo de minhas lembranças outro motivo que me faça depôr a favor da tão famigerada festa carnal, talvez a vasta quantidade de traseiros expostos a torto e a direita nos programas sensacionalistas da TV aberta fosse, de fato, um grande motivo, mas logo me vêm à cabeça a seguinte reflexão ''pombas, esperar um ano inteiro para ver bunda de mulata balançando na TV? Que absurdo é esse agora? E as maravilhas da internet aonde ficam nisso?'', sendo assim, de imediato descarto esse motivo e logo parto para outro.
Que tal aquele ''carnaval de rua'' que, durante os quatro dias de folia, come solto na pracinha do bairro vizinho? Geralmente nesse tipo de evento costuma brotar um bando de menininhas semi-nuas e também solteironas na faixa dos trinta anos, solteironas ávidas por um ''fino trato'', isso sem falar naquelas ''moças de idade avançada'' que, nesse caso, basta um copo de cerveja e um trago no cigarro e PIMBA!, lá está a vózaça fogosa, feliz que só o diabo, prostrada sobre sua confortável cama box ou sofá de tecido marrom, louca por um sexo pior que selvagem, pois bem, se acaso eu quiser passar os olhos numa garotinha semi-nua, vou direto a um baile funk da vida, pois tenho certeza que nesse tipo de ambiente isso é o que não falta.
Em relação as pobres trintonas citadas anteriormente, têm um monte delas aqui acopladas as minhas redes sociais e digo de forma categórica que é só eu enviar-lhes uma reles mensagem de voz, mensagem essa de preferência tomada de cafajestice e pronto, lá vêm aquela deliciosa chuva de vídeos proibidos e fotos comprometedoras. Por fim vamos às moças de idade avançada, nessas aí é só vocês botarem os pés em qualquer botequim beira de estrada e esperar, garanto à vocês que cedo ou tarde frases do tipo ''Oi, tesão, posso tomar uma cerveja com você?'',, ''Nossa, ném, que calor é esse, aceito um copinho se você me convidar.'' ou ''Têm um cigarrinho aí, meu anjo?'' eclodirão nos seus ouvidos como zumbidos de moscas varejeiras, com isso volto a repetir:
- Por quê diabos esperar pelo bendito carnaval uma vez que esse raio de folia se faz presente até mesmo na tão serena noite de Natal?
Agora me vêm a razão um bom motivo pra depôr a favor do carnaval, mas como essa postagem já se encontra longa demais, vou deixar para contar numa outra ocasião. Muito obrigado pela visita e como tributo peço apenas o seu comentário...um forte abraço e até a próxima semana!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Star Wars - Moda ou obra prima?


Após assistir o tão badalado Star Wars Episódio VII - O Despertar da Força e antes disso acompanhar nas mais variadas fontes de informações a incrível agitação provocada pelo mesmo, tomei a liberdade de levantar as seguintes questões:
- A franquia Star Wars é de fato tão espetacular assim? Muitos dos seus fãs a idolatram pelo simples motivo dela ser um importante ícone da cultura pop ou é apenas aquele velho papo que diz ''como um bom nerd que sou preciso amar Star Wars''? Muito bem...
...antes de mais nada quero dizer que não pertenço a aquela geração que no final da década de 70 invadiu as salas dos cinemas mundo afora instigada pela estréia de um tal filme espacial chamado Star Wars Episode IV - A New Hope ou Guerra nas Estrelas como assim fora batizado aqui no Brasil, digamos que sou de uma geração um pouco menos antiga, embora esteja longe de pertencer a esta que hoje manipula com tamanha desenvoltura tablets, telefones celulares, downloads, uploads, os torrentes da vida; meus caros amigos, tenho hoje 35 anos de idade e posso dizer que sei o bastante tanto do agora quanto do passado. Agora voltemos ao post.
A Franquia Sstar Wars é de fato tão espetacular assim?
Para responder essa questão farei uma pequena viagem no tempo, remontarei aos dias em que tinha apenas nove ou dez anos de idade e no vasto abismo de minhas lembranças, trarei à tona parte do que senti ao conhecer a fantástica obra de George Lucas.
Star Wars, Episódio IV - Uma Nova Esperança, lembro que esse ''primeiro'' episódio veio até mim cerca de dez anos depois de seu lançamento quando numa tarde qualquer de meio de semana a tal emissora do plim-plim o exibiu durante a imortal grade de filmes ''sessão da tarde'', provavelmente aquela já se tratava de uma reprise. Ao me deparar com aquela cena de abertura onde na qual uma nave gigantesca perseguia de maneira feroz uma outra tão pequena logo pensei ''caraca, que maneiro!'', então, por um instante deixei de lado os meus velhos brinquedos de madeira e me voltei por completo para aquela perseguição.
Foi incrível como rapidamente peguei gosto por tudo aquilo, as naves com seus pilotos arrojados, as espadas luminosas, os androides atrapalhados, uma tal de princesa Léia sempre ao lado de um sujeito valentão e um macaco alto e peludo, um monte de criaturas esquisitas, planetas estranhos, nomes incomuns, enfim, realmente peguei gosto por tudo aquilo, mas o tal do Darth Veider, preto e assustador, com todo aquele exército a sua disposição, foi quem verdadeiramente explodiu minha cabeça; confesso que não entendi coisa alguma daquela história, mas no final daquela tarde voltei pros meus velhos brinquedos de madeira certo de que acabara de assistir o melhor filme de minha vida.
Meus caros amigos, afim de evitar que a postagem fique muito longa, dou por encerrada a primeira parte do assunto Star Wars, mas antes de ir embora, quero agradecer à todos pela visita...até logo e até o próximo post!
...Que a força esteja com vocês.